Quem procura, não acha



Reconhecida como Patrimônio Nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Nacional (IFHAN), Cachoeira foi beneficiada com a instalação de um dos campi da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), valorizando ainda mais a moradia na pequena cidade. No entanto, como Patrimônio Nacional, todos os seus imóveis foram tombados e suas restaurações são controladas, tornando burocrático o processo de reforma.
Com a vinda da universidade, a demanda por residências aumentou substancialmente e tornou-se quase um desafio para os interessados. Casas velhas, em péssimo estado de conservação, são uma realidade na cidade, que mostra não estar preparada, ainda, para enfrentar a sua nova realidade. Além dos problemas estruturais das residências, existe também no impasse da oferta. O numero de casas disponíveis para locação é insuficiente, em relação à procura, o que ocasiona um outro grave problema, a especulação imobiliária. Com o aumento da demanda, tornou-se comum a cobrança de alugueis altíssimos, nem sempre justos e a valorização dos imóveis chega a superar, algumas vezes, até os da capital, Salvador.
Os estudantes, na sua maioria, juntam-se em uma mesma casa para dividir as despesas do aluguel. Um grupo de alunos da universidade aponta as dificuldades encontradas por eles. “Quando nós chegamos aqui em Cachoeira, foi um horror para se conseguir uma casa. Hoje nós pagamos 600 reais num apartamento de dois quartos, e estamos felizes por isso. Ele é um dos melhores da cidade. Como ele, são poucos por aqui. Já achamos ap de 800 reais, e nem era tão bom quanto o nosso. A galera meio que perdeu um pouco a noção da coisa”, afirmou Taiane Nazaré de Comunicação.
Dois dos alunos que estavam no grupo, fazem parte das primeiras turmas da UFRB, e levantaram ainda um novo dado. “Agora está bem mais fácil conseguir uma casa por aqui. Logo quando chegamos, ainda tivemos que enfrentar o preconceito dos donos, que não queriam alugar casa, de jeito nenhum, para estudante, por que diziam que o estudante esculhambava com a casa. Até hoje ainda tem um pouco disso, bem menos, mas ainda tem”, Marcos da Silva de 23 anos.
Seu Raimundo Souza, proprietário de alguns dos imóveis reformados da cidade, considera o preço justo, visto o investimento que ele fez, e afirma: “Alugar casa em Cachoeira tá dando cada dia mais dinheiro, quem for esperto que invista na sua”.